Restando apenas a contratação de um
atacante de beirada, o Flamengo praticamente definiu seu elenco para a
temporada prestes a iniciar. O jogador de maior capacidade é o que,
curiosamente, carrega mais dúvidas em torno de seu aproveitamento, não só por sua
condição clínica, mas também pelo encaixe tático a ser desenvolvido na equipe.
Conca, que só deverá voltar a jogar em
meados de abril, já jogou com outros meias com características semelhantes às de
Diego, como Deco e Wagner. A questão, aqui, talvez seja o maior nível de
intensidade que o futebol brasileiro passou a exigir, a reboque do que já vinha
sendo observado no futebol jogado na Europa há mais tempo. Além disso, pesa o
fato de tanto ele como Diego já viverem um declínio físico natural para quem já
acumulou tantos anos de futebol.
Uma dúvida que me acompanha é saber se Zé
Ricardo preparará o Flamengo para a entrada de Conca, utilizando sistema tático
e modelo de jogo compatíveis com as características do meia argentino, isto é,
fazendo uso de um jogador, que poderia ser Mancuello ou mesmo Paquetá, nas
funções que ele imagina que Conca seja capaz de fazer ou se deixará para pensar
neste encaixe apenas quando o ex-jogador do Fluminense estiver apto para jogar.
Pensando nisso, preparei o post com algumas ideias que tenho da utilização de Conca. Abaixo, seguem as mais viáveis no meu entendimento:
4-2-3-1
Estivesse Conca no melhor de sua forma
física, imagino que esse seria o esquema escolhido por Zé Ricardo, visto que
foi o sistema utilizado na maior parte do ano passado e o que, aparentemente,
rendeu melhores frutos. O Flamengo mais interessante do ano passado tinha
compactação, aproximação e amplitude com a presença dos extremos. A diferença para
esse ano, fora a entrada de Rômulo, seria a saída de Gabriel para a chegada de
Conca, o que traria gigantesco ganho técnico, além de experiência. Embora não
tenha a característica de explorar a linha de fundo como Gabriel, Conca seria
muito útil como ponta armador, ou seja, construindo o jogo da beirada para o
interior do campo, unindo-se a Diego no controle do jogo. Obviamente, no
momento defensivo, o argentino teria de se sacrificar fechando seu corredor.
Aqui, porém, vai uma ressalva: isso não significa que Conca jogaria “marcando
lateral” como se diz muito por aí, mas ocupando seu espaço e tendo a bola
consigo, já que, com os valores que a equipe rubro-negra terá, a tendência é
que passe muito mais tempo controlando do que sendo agredido.
Sendo assim, vejo a utilização do 4-2-3-1
com Conca na beirada direita como o melhor esquema para as características do
time. A questão é saber se o argentino terá condições físicas para cumprir bem
as funções que esse modelo exige.
4-1-4-1
Zé Ricardo já afirmou
diversas vezes considerar esta a melhor plataforma de jogo, com base no seu
modo de enxergar o futebol. Era neste sistema, aliás, que jogava o Flamengo,
campeão da Copa SP 2016. Apesar disso, reconheceu, também, o fato de que as
peças do elenco rubro-negro não se encaixam exatamente nessa proposta de jogo.
Ainda assim, considero válido esboçar como poderia se comportar a equipe no
modelo preferido de Tite. Teríamos Rômulo como o volante entrelinhas, iniciando
a construção, sucedido por uma linha composta por Everton e outro extremo que,
neste caso, seria William Arão, que cumpriu essa função, circunstancialmente,
em alguns momentos do ano passado e no meio Diego e Conca. O problema deste
sistema seria uma provável concentração do jogo pelo interior, dada a qualidade
dos meias que jogariam por dentro. Posto isso, acredito que poderia dar muito
certo, uma vez que no momento defensivo Conca e Diego poderiam revezar na
companhia a Guerrero, com a formação de duas linhas de quatro.
4-3-2-1
Mais conhecido como árvore de natal, o 4-3-2-1 receberia perfeitamente dois meias
com as características de Diego e Conca. Porém, esta plataforma exige a
necessidade de 3 jogadores com funções mais defensivas do que ofensivas, de modo
a sustentar a presença dos 3 jogadores de frente. Neste caso, poderíamos ter
Rômulo compondo a base baixa do triângulo, com Mancuello pela esquerda e Arão/Cuellar
formando o vértice direito. O ponto negativo ficaria por conta da perda de
amplitude e profundidade do time, já que Diego e Conca atuariam como meias por
dentro. A compensação poderia vir do entendimento de que os volantes deveriam
ocupar as beiradas, quando o time estiver atacando. Trata-se, portanto, de um
modelo que exige treinamento e consciência dos encaixes que tornem possível o
uso desta plataforma.
Acredito que Zé Ricardo não fuja muito disso na
montagem do Flamengo 2017. Seria importante que ao menos dois modelos de jogo
fossem assimilados pelos jogadores, de maneira que o time não se torne
previsível, como se tornou em determinado momento no ano passado. Material
humano para isso não faltará para o promissor treinador rubro-negro.
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