terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Flamengo e suas possibilidades táticas


Restando apenas a contratação de um atacante de beirada, o Flamengo praticamente definiu seu elenco para a temporada prestes a iniciar. O jogador de maior capacidade é o que, curiosamente, carrega mais dúvidas em torno de seu aproveitamento, não só por sua condição clínica, mas também pelo encaixe tático a ser desenvolvido na equipe.

Conca, que só deverá voltar a jogar em meados de abril, já jogou com outros meias com características semelhantes às de Diego, como Deco e Wagner. A questão, aqui, talvez seja o maior nível de intensidade que o futebol brasileiro passou a exigir, a reboque do que já vinha sendo observado no futebol jogado na Europa há mais tempo. Além disso, pesa o fato de tanto ele como Diego já viverem um declínio físico natural para quem já acumulou tantos anos de futebol.

Uma dúvida que me acompanha é saber se Zé Ricardo preparará o Flamengo para a entrada de Conca, utilizando sistema tático e modelo de jogo compatíveis com as características do meia argentino, isto é, fazendo uso de um jogador, que poderia ser Mancuello ou mesmo Paquetá, nas funções que ele imagina que Conca seja capaz de fazer ou se deixará para pensar neste encaixe apenas quando o ex-jogador do Fluminense estiver apto para jogar.

Pensando nisso, preparei o post com algumas ideias que tenho da utilização de Conca. Abaixo, seguem as mais viáveis no meu entendimento:


4-2-3-1 




Estivesse Conca no melhor de sua forma física, imagino que esse seria o esquema escolhido por Zé Ricardo, visto que foi o sistema utilizado na maior parte do ano passado e o que, aparentemente, rendeu melhores frutos. O Flamengo mais interessante do ano passado tinha compactação, aproximação e amplitude com a presença dos extremos. A diferença para esse ano, fora a entrada de Rômulo, seria a saída de Gabriel para a chegada de Conca, o que traria gigantesco ganho técnico, além de experiência. Embora não tenha a característica de explorar a linha de fundo como Gabriel, Conca seria muito útil como ponta armador, ou seja, construindo o jogo da beirada para o interior do campo, unindo-se a Diego no controle do jogo. Obviamente, no momento defensivo, o argentino teria de se sacrificar fechando seu corredor. Aqui, porém, vai uma ressalva: isso não significa que Conca jogaria “marcando lateral” como se diz muito por aí, mas ocupando seu espaço e tendo a bola consigo, já que, com os valores que a equipe rubro-negra terá, a tendência é que passe muito mais tempo controlando do que sendo agredido.

Sendo assim, vejo a utilização do 4-2-3-1 com Conca na beirada direita como o melhor esquema para as características do time. A questão é saber se o argentino terá condições físicas para cumprir bem as funções que esse modelo exige.   
  

4-1-4-1




Zé Ricardo já afirmou diversas vezes considerar esta a melhor plataforma de jogo, com base no seu modo de enxergar o futebol. Era neste sistema, aliás, que jogava o Flamengo, campeão da Copa SP 2016. Apesar disso, reconheceu, também, o fato de que as peças do elenco rubro-negro não se encaixam exatamente nessa proposta de jogo. Ainda assim, considero válido esboçar como poderia se comportar a equipe no modelo preferido de Tite. Teríamos Rômulo como o volante entrelinhas, iniciando a construção, sucedido por uma linha composta por Everton e outro extremo que, neste caso, seria William Arão, que cumpriu essa função, circunstancialmente, em alguns momentos do ano passado e no meio Diego e Conca. O problema deste sistema seria uma provável concentração do jogo pelo interior, dada a qualidade dos meias que jogariam por dentro. Posto isso, acredito que poderia dar muito certo, uma vez que no momento defensivo Conca e Diego poderiam revezar na companhia a Guerrero, com a formação de duas linhas de quatro.


4-3-2-1




Mais conhecido como árvore de natal, o  4-3-2-1 receberia perfeitamente dois meias com as características de Diego e Conca. Porém, esta plataforma exige a necessidade de 3 jogadores com funções mais defensivas do que ofensivas, de modo a sustentar a presença dos 3 jogadores de frente. Neste caso, poderíamos ter Rômulo compondo a base baixa do triângulo, com Mancuello pela esquerda e Arão/Cuellar formando o vértice direito. O ponto negativo ficaria por conta da perda de amplitude e profundidade do time, já que Diego e Conca atuariam como meias por dentro. A compensação poderia vir do entendimento de que os volantes deveriam ocupar as beiradas, quando o time estiver atacando. Trata-se, portanto, de um modelo que exige treinamento e consciência dos encaixes que tornem possível o uso desta plataforma.

Acredito que Zé Ricardo não fuja muito disso na montagem do Flamengo 2017. Seria importante que ao menos dois modelos de jogo fossem assimilados pelos jogadores, de maneira que o time não se torne previsível, como se tornou em determinado momento no ano passado. Material humano para isso não faltará para o promissor treinador rubro-negro.

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